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Relações Públicas e a Comunicação Interna - Entrevista com Henrique Andrade (Dafiti)


Henrique Andrade, bacharel em Ciências Biológicas e Relações Públicas pela Universidade de São Paulo, apaixonado pelas duas áreas e com cursos nacionais e internacionais em comunicação, sustentabilidade e gestão de projetos. Diversidade e inclusão, responsabilidade social e voluntariado também são temas recorrentes em sua carreira e em suas conversas – sempre acompanhadas de um bom café! Na área da comunicação, teve experiências tanto em instituições públicas quanto em ONG’S e multinacionais. Atualmente, é Gerente de Comunicação Corporativa para América Latina no Dafiti Group, liderando as estratégias de Relações Públicas, diversidade e inclusão, marca empregadora e relacionamento com comunidades. Empatia, Extroversão e Energia são hashtags de sua vida.

Henrique versou sobre questões extremamente importantes e relevantes para Relações Públicas, segue abaixo a entrevista completa:


Qual é a importância da Profissão de Relações Públicas no mercado de trabalho atualmente?

Henrique - Para o mercado de comunicação, o profissional de RP é importante por contribuir com uma visão holística, integrada e estratégica dos processos comunicacionais e de seus públicos, conectando e fomentando ideias que sejam positivamente impactantes para o negócio e para a sociedade.


Qual é o papel das Relações Públicas em relação à sociedade?

Henrique - Se levarmos em consideração temas como empatia, afeto e comunicação humanizada, o profissional de RP tem papel de transformar realidades, criando e fortalecendo pontes/relações entre pessoas, promovendo causas sociais, trabalhando com o agendamento de temas relevantes para transformação social.


Quais são seus objetivos da profissão de Relações Públicas e os seus objetivos pessoais?

Henrique - Eu procuro impactar o maior número de pessoas com minha visão de comunicação integrada e empática, por isso tenho a expectativa de seguir carreira acadêmica, dar aulas e continuar atuando em empresas. Essa visão está muito conectada com meus objetivos pessoais de gerar um impacto positivo na sociedade, fomentar transformações e levar minhas bandeiras pessoais por onde estiver.


O que você aconselha para os estudantes e jovens RP’s que muitas vezes tem dúvidas e incertezas em seu início de jornada?

Henrique - Meus conselhos iniciais seriam:

respeite o seu momento e procure não se comparar com os demais, cada um tem um ritmo e uma jornada e todos tem seu valor, estude muito, busque cursos e leituras que embasem suas tomadas de decisão teste: faça vários estágios, em áreas de atuação diferente, e tenha clareza o que de fato te deixa feliz e se conecta com seu propósito maior de carreira e pessoal networking: converse e conheça muitas pessoas da área, busque inspirações profissionais e descubra perfis diferentes de trabalho e liderança



Como trabalham os comunicadores em tempos de pandemia da Covid-19?

Henrique - A área de comunicação é fundamental e estratégica em processos de crise como a pandemia da COVID-19. Trabalhar uma comunicação humanizada, empática, compartilhando informação de forma transparente, dando clareza sobre as dinâmicas corporativas de forma afetuosa, desenvolvendo planos de gestão de crise, apoiando a liderança em seus posicionamentos, dialogando com os públicos da organização para que, juntos, possam enfrentar esse momento.


Qual é a importância da comunicação interna para a empresa?

Henrique - A comunicação interna tangibiliza a estratégia e as prioridades da empresa para os diferentes níveis de funcionários, materializa símbolos e ritos da cultura organizacional, dá voz aos funcionários, faz a gestão dos canais e conteúdos para facilitar o diálogo e relacionamento entre pessoas.


Como pensar em ações estratégicas para esse público interno?

Henrique - Para desenvolver uma comunicação de impacto é importante ter clareza da estratégia do negócio, prioridades do negócio no momento, clareza da estratégia de comunicação e prioridades da área no momento, conhecer o público interno em profundidade, estar antenado com o contexto da sociedade e do mercado/setor em que a empresa atua. Conversar, dialogar, perguntar o que outras pessoas pensam das ações é fundamental no amadurecimento dos conceitos.


Por que a cultura da adoção de ações de comunicação interna demorou a ser incorporada pelas empresas de médio e pequeno porte?

Henrique - Alguns pontos podem ajudar a entender esse contexto:

momento da empresa: PME muitas vezes estão focadas em crescer ou manter fluxo de caixa, e acabam não priorizando outros temas desconhecidos: assim como falei sobre liderança abaixo, é papel dos comunicadores educar e ensinar a importância da comunicação, seja interna ou externa. Se não há comunicadores na empresa, a curva de entendimento pode demorar mais, “está tudo bem”: a comunicação interna muitas vezes mostra-se necessária durante uma crise; se a empresa não passou por isso, pode achar desnecessário esse investimento, “todo mundo se comunica com todo mundo”: como muitas PMEs possuem apenas um local de trabalho/escritório/unidade, no qual as pessoas interagem, podem acreditar que os fluxos de comunicação já estão estabelecidos e claros histórico: as áreas de comunicação interna surgiram naturalmente em multinacionais, então o processo de avanço para PMEs também se deu como uma “segunda” onda


Quais são os principais entraves que dificultam uma comunicação interna eficaz?

Henrique - Alguns entraves podem ser destacados abaixo:

- falta de clareza nos objetivos e na estratégia da área

- falta de clareza/entendimento sobre o público interno

- falta de autonomia da área

- ausência ou dificuldade na priorização dos temas e ações


Quais os benefícios que uma comunicação interna pode trazer para a organização?

Henrique - Dependendo da estratégia adotada, a comunicação interna pode:

- Contribuir com a transparência e clareza da estratégia da empresa, seu foco e prioridades

- Fomentar ritos e símbolos da cultura organizacional

- Engajar e Inspirar pessoas

- Apoiar no desenvolvimento de líderes inspiradores

- Gestão de crises


Você acredita que a tecnologia trouxe grandes ganhos para a comunicação interna?

Henrique - Absolutamente. Ainda mais em tempos de distanciamento social, ferramentas de vídeo chamada, redes sociais internas e outras plataformas digitais são grandes aliadas dos comunicadores. Além de facilitarem o contato com os públicos internos, elas dão voz e autonomia para que os mesmos se posicionem, gerando um ambiente de colaboração no qual o comunicador deixa de ser o “grande produtor de conteúdo” e torna-se um curador e facilitador desse caminho de diálogo. É importante apenas ressaltar que os canais digitais não substituem os canais offline e o valor do diálogo e relacionamento face a face.


Quais dicas você daria para as empresas que querem implantar uma comunicação interna de maneira eficiente?

Henrique - Algumas dicas: forme um time de comunicação muito qualificado, diverso e focado em alto impacto, confie nas decisões do time qualificado para implantação dessa comunicação eficiente, não perca de vista o que as outras empresas, concorrentes principalmente, estão fazendo, tenha clareza do objetivo: o que é comunicação interna eficiente para a sua empresa e para a liderança dessa empresa?


Por que muitas empresas delegam a comunicação interna para o departamento de RH? Esse tipo de trabalho não deveria ser feito pelo departamento de comunicação?

Henrique - A presença da área de comunicação interna em um departamento de RH está ligada ao momento da empresa, à estratégia da mesma e ao nível de integração da área de comunicação que a organização espera. Dito isso, é importante ressaltar que:

geralmente os temas de comunicação interna estão muito conectados com RH, então o alinhamento flui muito bem com a área internalizada (de novo, isso depende dos pontos mencionados acima) geralmente são profissionais de comunicação que atuam nessa frente dentro do RH, favorecendo o olhar estratégico da comunicação

muitas vezes o distanciamento de departamentos entre interna e externa não é impeditivo para as áreas traçarem estratégias integradas


Com o advento de novos meios de comunicação em decorrência da evolução tecnológica, qual deve ser a nova postura do profissional de Relações Públicas e como ele deve trabalhar a comunicação digital para criar ou manter relacionamento com os diversos públicos?

Henrique - [essa é uma pergunta bem ampla, time hehe]

A criação de novos canais e o fortalecimento do digital é uma tendência que já está no mercado há alguns anos, então para os profissionais de RP a abertura para o novo deve ser uma mentalidade presente em toda trajetória profissional. Entender os canais, aprender com o posicionamento de outras marcas, testar hipóteses de engajamento (o meio digital é ótimo para teste de hipóteses porque as próprias plataformas geram relatórios e podemos analisar perfil de públicos) e entender quais canais funcionam para seus diferentes públicos é importante para uma boa estratégia de canais. O olhar de customização da comunicação é essencial para os meios digitais.


Os novos estudos da área de Relações Públicas pregam a aproximação da comunicação com os profissionais de administração. Há uma necessidade cada vez maior da comunicação fazer parte do planejamento estratégico da empresa. Como trabalhar essa questão com os clientes, principalmente com a alta administração?

Henrique - A comunicação precisa se aproximar não apenas da administração/gestão da empresa, mas se relacionar e conhecer todas as áreas existentes na organização. Se nos colocamos como o time/área que define as mensagens da organização e o posicionamento da marca, é fundamental que tenhamos a visão sistêmica e holística para termos êxito em nossos projetos e na estratégia. Sobre a alta administração, trago sempre a perspectiva daqueles que não vivenciaram nossa formação em comunicação - muitas vezes é preciso ensinar, educar a alta liderança sobre o papel da comunicação e como ela pode se posicionar estrategicamente na organização. Educar seria um primeiro passo rumo ao êxito no posicionamento da área.


Para você, o processo de gestão organizacional emerge da comunicação ou a comunicação é ferramental para a administração?

Henrique - A comunicação faz parte do processo de gestão organizacional - ela é parte do todo e sua liderança senta junto na mesa de decisões. Assim, a comunicação se faz estratégica e operacional nos processos de gestão, não há dicotomia de funções.


O Relações Públicas tem um papel importante na gestão de crises. As empresas estão preparadas para enfrentá-las? E os profissionais, estão capacitados?

Henrique - Sim, nós profissionais de RP temos papel estratégico na gestão de crises. Primeiro é importante ter em mente que cada crise é única, falharemos ao usarmos modelos pre-concebidos, receitas prontas para atacar os problemas. Com isso em mente, acredito que as empresas estão evoluindo no olhar de preocupação com a gestão de crise, principalmente crise de imagem/reputação. Isso porque a cada novo caso na mídia percebemos o impacto financeiro de um posicionamento descuidado ou sem planejamento (exemplo atual: Gabriela Pugliesi). Um outro ponto importante é que, mesmo não preparadas, elas precisarão enfrentar as crises, então a preocupação deve ser constante, vigilante.

Sobre a capacitação de profissionais, vejo a mesma evolução das empresas: temos cada vez mais cursos e treinamentos sobre o tema, profissionais experientes compartilhando aprendizados, e as crises estão se tornando cada vez mais frequentes o que gera um aprendizado de todo ecossistema de comunicação - tanto posicionamentos corretos quanto os incorretos (julgamento feito pelo público) servem de aprendizado para posicionamento e ações futuras.


Qual a principal habilidade que precisa ser dominada por quem deseja seguir carreira em relações públicas dentro de agência de comunicação?

Henrique - Escolher uma única habilidade seria um desafio porque, no fim, esperamos um profissional com múltiplas habilidades que se integram. Além da vivência que promove um acúmulo de bagagem na área, a empatia e o olhar de dono/ownership de seu trabalho são fundamentais. E a vontade incessante em aprender e se desenvolver.


Na sua visão, o que os clientes de uma agência de comunicação esperam do profissional de RP?

Henrique - Pensando nos profissionais de RP que estão em agências de comunicação e que atuam como parceiros da estratégia de comunicação do cliente, além da expertise no tema (digital, imprensa, interna…) acredito que alguns comportamentos são essenciais para o êxito dessa parceria: entendimento do negócio/setor, olhar sistêmico para além da área de atuação, buscando oportunidades para inovar

criatividade, flexibilidade e adaptação


LinkedIn Henrique Andrade - https://www.linkedin.com/in/andradehsp1/

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